NOVIDADES SOBRE EDUCAÇÃO E CURRÍCULO

A EDUCAÇÃO ESPÍRITA (Parte 1)


"O Espiritismo deverá reformular os padrões da Educação humana, propondo-lhe novas metas, ajustando-lhe diversos  procedimentos no relacionamento entre educador e educando e, com isso, formará novas gerações de seres, que estarão capacitados ao trabalho árduo da reconstrução da civilização.

Entende-se que meta é essa que o Espiritismo confere à ação educativa - a meta espiritual. Desfazem-se os objetivos educacionais puramente terrenos, esses que pretendem fazer do homem uma pessoa bem ajustada aos padrões da sociedade vigente. Projetam-se os objetivos para o infinito. Trata-se de formar homens bem ajustados às Leis de Deus - eternas e cósmicas - muito superiores e muito mais importantes ao Espírito do que as leis e os costumes humanos, passageiros e sujeitos às decepções da marcha do progresso.

Não se dá com isso que a Educação Espírita fará homens revoltados, em permanente desobediência ao meio, em ininterruptos conflitos. Ao contrário, o homem equilibrado com as Leis Cósmicas, embevecido da mais pura intenção de servir e ajudar, é um homem que, acima de tudo, compreende, estende sua mão fraternal aos que estão a caminho com ele e não se jacta de qualquer pretendida superioridade. O atraso das massas o confrange, não o faz vibrar de vaidade. A miséria moral o incita a acender todas as luzes possíveis ao seu alcance, a mobilizar seus recursos mais profundos de sacrifício e altruísmo e não o isola na crítica acerba e superior.

Sem dúvida, esse homem que se formou à luz do Espiritismo, já se destruiu de todas as ilusões passageiras da existência. Enquanto outros podem achar que a competição entre indivíduos, a sensualidade desenfreada, a luta por bens materiais, a ambição de promessas terrenas fazem parte da própria natureza do homem terrestre - ele sabe que tudo isso passa no vendaval das existências, tudo se esfacela com mutações contínuas do progresso. Não se entusiasma, assim, por aquilo que ainda apetece à maioria. Desse modo, embora sereno em suas convicções e equilibrado em seus propósitos, pode ser visto por muitos como um excêntrico ou um homem votado à utopia, distante da realidade das coisas.

Tudo isso porque o que principalmente o Espiritismo nos confere é um deslocamento da escala de valores, pela simples projeção de nossos ideais e de nossa visão à evolução infinita do Espírito!...

Ora, enquanto novas gerações não forem desde cedo alimentadas com esses ideais nobres, com a perspectiva excitante da evolução humana, não haverá um salto qualitativo no porvir da humanidade. Há que se nutrir o Espírito com a certeza da imortalidade, da grandeza do Universo, animada e governada por Deus, com a convicção inabalável das vidas sucessivas - tudo isso não pode ser acessório de um catecismo que se transmite em palavrórios, deve estar muito claro e explícito na alma infantil, para que aí possa alicerçar o progresso moral e intelectual que a criatura deverá buscar por si mesma. Cônscio do seu status de Espírito eterno, eternamente em busca da perfeição, o homem assim educado fará de sua existência na Terra um engajamento contínuo em seu próprio aperfeiçoamento e uma atividade sem trégua em prol do bem e da verdade.(...)".


Léon Denis


(INCONTRI, Dora. A Educação segundo o Espiritismo. Bragança Paulista, SP: Editora Commenius, 2004, p.217-19)

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