terça-feira, 20 de setembro de 2011

A VIOLÊNCIA NA ESCOLA: CADÊ O CULPADO OU CULPADOS?

A escola é um espaço de aprendizagens, de troca de experiências, de transmissão de conhecimentos, de socialização, de formação do ser. O educando é esse ser humano em formação; o professor é um facilitador nesta relação complexa que simplesmente designamos de EDUCAÇÃO. Assim, gestores, técnicos, coordenadores , serventes, vigias e outros servidores que laboram na escola e, ainda, a vizinhança que a cerca, ... todos influenciam e contribuem para o desenvolvimento do potencial de cada educando.
Os gestores da organização educacional e o governante com todos seus secretários e/ou ministros, em quaisquer escalão ou esfera governamental, também, são responsáveis pelos rumos da educação. Isso é inquestionável.

Ninguém pode alegar em sua defesa não ter nada haver com a educação simplesmente por não estar, diretamente, laborando numa escola, numa sala de aula.

Todos estão direta ou indiretamente envolvidos no processo educativo que culminará com a formação do HOMEM DE BEM. Todavia, disso não resulta concluir que somos todos CULPADOS, pelos desvios ou transtornos educativos, como por exemplo: a violência escolar que é notícia, nas mídias.

Em verdade, defenda-se a tese de que somos todos INOCENTES. Afinal, desconhecemos nossos direitos, ignoramos nossas legislações, permitimos que em nossa vida profissional,  nossas atribuições ou funções sejam limitadas ou ampliadas sem quaisquer discussão, amparo legal... Somos muitas vezes silenciados... ou  silenciamos por nossa própria vontade e em vez de buscar soluções enveredamos à procura de novas desculpas ou novos culpados. E, ainda, admitimos àquele blá, blá, blá: "_ O governo federal  é culpado pelos desmandos da Nação, quanta esperança devotei em nossa presidenta!"; "_ O governador é culpado, os ministros e os secretários e, ... os políticos esses já estão mais que condenados, quanta decepção!". E, assim, a lista vai crescendo de escalão em escalão, em todas as esferas de governo até chegar no aluno que cometeu o ato de violência, e daí em diante vem o professor, o técnico, o coordenador, ... o gestor não escapa e, a roda de acusações gira, gira sem mostrar solução e, acaba onde? Na escola. E, a família?! Essa é outra roda-viva.

Basta! Chega de silêncio, chega de omissão, chega de apenas apresentar culpados para esconder nossa constrangedora inocência, apatia ou embaraço diante do "novo", daquilo que realmente atrai à atenção de nossos jovens.

Vamos nos considerar "eternos aprendizes" e, quem sabe conseguimos num impulso coletivo  transformar cada realidade. Que venham as parcerias, às formações continuadas, os intercâmbios e as trocas de experiências e tudo mais que ajudar. Vamos trabalhar!

A escola deve ser o ambiente de alegria; de fraternidade; igualdade; de debates (sobre a família, as relações afetivas, a diversidade, o meio ambiente, a sexualidade, a violência, a saúde, a religiosidade, sobre criminalidade, internet). É espaço de convivência ... Da observância de direitos e deveres do Estado, da família e de todos os envolvidos nos diversos segmentos escolares; de apuração e minimização de conflitos; de apaziguações e consolidações da maioridade espiritual do ser humano, que necessita viver sempre em sociedade, para poder desenvolver todo seu potencial com SER DIVINO, criado por DEUS.

Enfim, é preciso resgatar, sem atrelar à uma crença em especial,  a temática Deus, que  parece ter desaparecido das escolas, dos hospitais, dos tribunais, da vida dos homens, dos jovens, das crianças, como se pudéssemos ignorar essa Paternidade.

No meio a tantas acusações esquecemos de assumir que a responsabilidade é de cada um.

Todos somos corresponsáveis pela formação das crianças e jovens, que hoje nos assustam, mesmo em tenra idade. A criança que ignoramos, maltratamos, desrespeitamos, negamos alimento, abrigo e educação é a mesma que mais adiante sem esperança, sem instrução, marginalizada, com fome, sem ter sentido o amor ... nos assalta, nos agride, causa dor dilacerante quando mata um filho, um pai de família, uma mãe, um trabalhador, ou seu colega, dentro ou fora dos muros de uma escola.

Diante de tanta inquietação pedagógica há necessidade de assumir que o ser humano é complexo e sistêmico, não pode ser compreendido ou educado sem que reconheçamos sua singularidade; mas, também, não podemos concebê-lo de forma isolada. É preciso considerar a relevância de todas as relações que o educando estabelece com sua família, com os amigos, com a vida e consigo mesmo. Sua autoestima, seu autoconhecimento, sua fé, sua esperança, seus ideais, sua religiosidade, suas ambiguidades...seu potencial humano e espiritual.

De tudo e por tudo, não podemos ignorar todos esse complexo que constitui e influencia a formação do educando. Não podemos ignorar ás Pedagogias... da autonomia, da liberdade, da esperança e tantas outras, hoje balizadas, como a Pedagogia Sistêmica e a Pedagogia Espírita, a Pedagogia do amor (a pedagogia de amor de Jesus Cristo) que apesar de todo o silêncio no campo educacional é uma realidade em muitas universidades, em muitas escolas, em muitos lares. E, essa realidade nos afiança que somos todos seres humanos, somos ESPÍRITOS ETERNOS, criados por Deus. E, isso não pode ser ignorado quando pensamos na educação desse SER potencial: criança, adolescente, homem.

"Jesus não ensinou em catédras,
 não fez parte de corporações científicas,
 não se revestiu de nenhum título terreno e
não fundou escolas ou instituições.
E foi o maior dos mestres. (...).
Ensinava sem nenhum outro instrumento
a não ser seus atos de amor,
suas palavras simples e
sua autoridade divina.".

(INCONTRI, Dora. A educação segundo o Espiritismo. Bragança Paulista: Ed. Commenius, 2004, p.102-3)

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